quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Num café qualquer


por: Ricardo Oliveira

E lá ela estava sozinha na mesa, tomando seu café com creme. A chuva ainda continuava caindo, os pingos faziam um pequeno barulho quando batiam nas telhas e escorriam até a beirada do telhado. O lugar estava vazio, apenas a caixa e o barista faziam companhia para a pobre garota. Ela segurava a xícara com as duas mãos enquanto tomava um pequeno gole que a aquecia por dentro. Pensamentos rondavam sua cabeça incessantemente, pensamentos de todos os tipos: de culpa, ódio, redenção, amor, alegria e tristeza. Mas de vez em quando tudo cessava, e ela ficava apenas encarando a pintura da parede a frente, sem pensar em absolutamente nada. Mas então um carro assava na rua e logo trazia a garota de volta ao mundo real, com junto com a realidade os milhares de pensamentos sem fim. De repente um rapaz que vinha correndo pela calçada parou em frente ao pequeno café, o caixa que estava entediado apenas observando a rua ficou curioso com a figura do homem encharcado. O rapaz com os cabelos todos molhados caídos aos olhos deu um passo e entrou no café. A garota já o havia notado, e ficara surpresa, se levantou, mas com hesitação. Ele veio e se sentou a mesa dela, ele estava ofegante, assim como também estava molhado. Os olhos redondos e profundos da moça fitavam o rapaz, apesar dela querer dizer algo achou melhor esperar ele recuperar o fôlego e quem sabe dizer algo primeiro. E assim aconteceu, ele disse: “Me desculpe” E ela que achou que não devia haver a nada ser dito apenas sorriu. Sorriu e lhe passou o cardápio empurrando-o na mesa, naquele instante suas mãos se tocaram e ambos sorriram. O caixa deu um tapa no ombro do barista e o mandou até a mesa, o pobre empregado meio sem jeito perguntou ao rapaz encharcado se ele queria pedir algo, o moço pediu apenas um simples café. Assim que o barista se afastou da mesa o jovem completou: “ah, e com creme por favor.”