domingo, 19 de agosto de 2012

A classe média mudou.


 por: Ricardo Oliveira

A classe média mudou, não se interessa mais por carnês de geladeiras e sim por carnês de televisores finos, mais fino que folha de papel.  A classe média cresceu, não é mais a criança que se satisfaz com um carrinho qualquer, ela quer aquele sedan que alugou na viagem a Miami. Ela já acha que o Guarujá virou muito povão, acha que o top agora é Maresias. A classe média trocou a ida à rodoviária pelo pulinho ao aeroporto. Ela acha que dar gorjeta no exterior é bobeira, mas acha ruim quando é mal atendido pelo taxista em Nova York. Paga excesso de bagagem de tanto creme da Victoria Secret’s que trouxe, diz que é pra revender para as amigas do pilates.  Acha que assistir um jornal e ler uma revista semanal é o suficiente para ficar informado, e com isso da palpite em tudo e em nada ao mesmo tempo. Já não lembra em quem votou, mas sabe que não foi naquele partido de estrela vermelha, acha que tem algo a ver com comunismo.  As crianças da classe média também mudaram já que brincar na rua ficou muito perigoso depois que a favela chegou tão perto, acha então o máximo jogar bola no campo do condomínio entre as torres de apartamentos. Acham também que se não passar na universidade pública sem cursinho normal, afinal não é nenhum nerd. A classe média mede o nível de conforto pelo número de carros na garagem, e já nem faz mais a conta para ver se compensa fazer uma academia tão longe. Sim, a classe média mudou, mudou tanto que já não acha que seja classe média mais. Mas se a classe média deixar de ser a classe média... quem será?

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Redenção.


por: Ricardo Oliveira.

Ele a pegava pelo braço e a arrastava pela praia. Ela relutava, dizia que não queria ver, empacava, mas sempre desistia e o acabava acompanhando. Após uma caminhada curta chegaram ao tal ponto, bem a tempo de ver o por do sol.
-E agora? – Ela perguntou.
-Agora ficamos aqui olhando e fingimos que isso nos toca.
-E depois?
-Depois vamos para casa tentar nos amar.
-Um por do sol não vai nos salvar, você sabe disso não é?
-Ao menos eu to tentando salvar o que nos resta.
-Não tente, foi você que o matou primeiro.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A chama.

por: Ricardo Oliveira

O bar estava lotado, era uma sexta feira e a cidade fervilhava de vida. Eles haviam tido de esperar quarenta minutos por uma mísera mesa vazia, e isso a havia irritado. Porém, ele sabia como lidar com essas pequenas irritações momentâneas dela. Com ambos devidamente sentados e cervejas geladas sobre a mesa, veio o silêncio. Depois de um tempo o silêncio se tornou o verdadeiro regente da relação. Não por falta de amor, mas sim pela falta da renovação do mesmo. Aquilo que, antes era o quente da coisa, esfriou. O que era o diferente se tornou banal. No entanto, chega de adendos, nosso casal estava lá, sentado na mesa. Apenas os dois em silêncio, fitando os copos de cerveja. Quando alguém quebrou o silêncio, foi ela.
- E ai?
-E ai o que? – Ele respondeu.
-Vai ficar ai só calado?
-E tem algo a ser dito?
-Grosso!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Uma relação entre mim e eu mesmo.


 por: Ricardo Oliveira

Hoje é sobre o amor próprio, não aquele amor que impede de nos entrarmos em depressão, mas aquele amor que nos faz querer transar com consigo mesmos! Certas pessoas são feias e outra bonitas, e não adianta dar uma de filosofo de araque e dizer que a beleza é relativa, pois ela não é mais! Faz mais de 60 anos que a sociedade nos molda de tal forma a adotarmos certas idéias de beleza, e é isso que aconteceu. Cada uma sabe bem o que é bonito e o que é feio. Claro que essas idéias mudam com o tempo, afinal de contas as gordinhas nuas da renascença já deixaram muito marmanjo de piru duro, ou o cabelo em formato de cuia dos Beatles já deixou uma legião de jovens garotinhas em ambos os lados do atlântico com suas roupas de baixo úmidas. Mas por mais que o conceito se altere um pouco a idéia ainda permanece a mesma, todo mundo sabe se é bonito ou não, e isso não tem nada a ver com amor, isso é tesão. É sentir uma excitação abstrata e emocional quando nos vemos no espelho, é pensar também se outras pessoas vão achar o mesmo. Quando nos olhamos no espelho e vemos nosso corpo pensamos como estamos, e se podemos melhorar, às vezes é essa busca que nos permite mudarmos para melhor. Pois pensem comigo, se realmente ninguém ligasse para o que os outros pensam, ninguém iria nem sequer tomar banho! A vida é uma safada ordinaria, e ela vai te ignorar até o ultimo momento, por isso antes de sair por ai se apaixonando por toda gostosa, ou por todo saradão no caso delas, pense se você já se apaixonou por você mesmo hoje. Fique tranquilo não há nada de errado em ser um pouco narcisista a ponto de querer transar consigo mesmo. E ai já transou hoje no espelho?