segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Um som lá fora.

por: Ricardo Oliveira


Esta noite eu estava de novo no escuro tentando escrever. Nada saia de minha cabeça, talvez fosse um bloqueio mental, ou uma falta de inspiração, mas quem sabe esta fosse a prova de que eu não tenho muita vocação para a coisa. Mas mesmo assim minha mente tentava se prender a algo, mas sempre acabava divagando. Foi então que de súbito minha tentativa de concentração foi por completo interrompida. Ouvi na rua um som de caminhão, pude ouvir o som do giro do motor que aumentava até que finalmente mudava a marcha. Mas até este som parou, não por completo, pois eu ainda podia ouvir o som dele funcionando do lado de fora. Me levantei a fui até a janela, na rua não havia nada, o semáforo continuava mudando apenas para as almas, mas o som ainda estava lá. Eu me perguntava se era um caminhão de carga, ou um de lixo. Apesar de não ver nada eu criava histórias que suportassem ambas as hipóteses. Existem lojas do outro lado da rua, quem sabe haja uma entrega noturna, o que eu imagino que deva ser um trabalho tanto interessante quanto desgraçado. O silencio da noite enquanto você roda de lugar em lugar apenas entregando coisas com as quais você não se importa, mas com certeza o frio deve ser de matar!
Mas e se for um caminhão de lixo? Se este for caso aposto que deve ser emprego mais escroto do que interessante. Lá fora devem estar uns sete graus negativos, mas quando se produz tanto lixo quanto hoje alguém tem que cuidar dele. Sim! Alguém tem que ir para o frio da madrugada cuidar do seu lixo! Mas eu me pergunto: quem tira o lixo do lixeiro? Outro lixeiro? Aposto que deve haver uma cadeia infinita de lixeiros retirando o lixo uns dos outros. Ouço um som de metal batendo no chão, é um som alto que provavelmente acordou alguém. Instantes depois eu descubro qual caminhão era o desta noite. Era um de lixo! Daqueles com garras na frente, daqueles que o lixeiro apenas tem o trabalho de usar estas garras para levantar a lixeira e retirar o lixo no caminhão. Ao menos ele não tem que sair no frio. O caminhão vai embora e novamente o silêncio volta. E como antes estou sem o que escrever. Acho que vou dormir e tentar sonhar com alguma garota. Talvez eu escreva sobre esse sonho amanhã. 

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