sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Escolhas que não tomamos.


Por: Ricardo Oliveira


Fizeram-se então duas semanas desde que eles haviam terminado. Na realidade o ultimato partiu dela, sem referencia, sem explicações nem nada. Houve apenas poucas palavras e olhares que não se cruzavam. E desde aquele dia ambos não dormiam bem, acordavam na mesma hora da madrugada, despertos de pesadelos e inquietações. Caminhavam apenas porque o corpo permitia, já que a menta não pensava em outra coisa. E choravam quando viam as fotos que haviam tirados juntos. Estava sendo difícil, sem duvida nenhuma.
Ele já não agüentava pensar naquilo. Tentou então conhecer outras garotas, mas em cada uma delas via o rosto de sua amada. Achou então que poderia fazer algo mais físico. Um dia pegou todas as fotos e colocou em um saco de lixo, cinco minutos depois estavam todas sobre sua cama novamente. Seu amigo tentou ajudar, mas foi em vão. Nada fazia que aquela garota saísse de sua cabeça.
Ela tentava não se culpar tanto, mas não havia como se esconder da grande mancha negra que habitava sua consciência. Ela não queria explicar aos amigos em comum o porquê de não estarem mais juntos. Nem para a sua amiga mais próxima quis dizer algo. Havia todo um mundo de motivos para os outros, mas para ela o motivo era simples de ser dito, mas complicado de ser explicado, e quase impossível de ser entendido.
Foi então que ele desistiu de tentar entender sozinho tudo aquilo. Ele achou que já estava na hora de por as coisas as claras. Decidiu então que iria vê-la, nem que fosse pela ultima vez. Achou que ligar seria um erro, embora achasse que ir vê-la fosse também um erro. Saiu de casa e levou quinze minutos para chegar a casa dela. Já nas ruas cada semáforo o fazia pensar sobre o que iria dizer e fazer. Mas nada lhe parecia muito praticável. Achou então que como até aquela altura as coisas estiveram sempre nas mãos destinos decidiu que iria permitir que mais uma vez os dados fossem rolados.
Quando chegou ao destinou se permitiu ficar em silencio por mais alguns instantes dentro do carro. Talvez para tomar coragem, ou para se acovardar e voltar. Mas ele escolheu a primeira opção. Foi até o portão da casa dela e apertou a campainha. Foi ela quem atendeu. Não havia sorrisos no rosto de ninguém. Ele se explicou como se tivesse alguma imensa culpa de estar ali, e pediu para conversarem. Ela sabia que em algum momento ela teria de lhe explicar as coisas, permitiu então que ele entrasse em sua casa. As primeiras coisas que ele viu foram caixas e mais caixas, todas espalhadas pela casa. Também não havia mais quadros na parede ou moveis. Ela o convidou para sentar no sofá que ainda estava presente.  Ele disse a ela que queria saber os porquês. Ela disse que iria contar a verdade, e que nenhum fato ficaria ao desconhecimento dele. Ela lhe contou o porquê das caixas, o porquê do suspense, e também lhe confessou o medo que sentia o mesmo medo que a impediu de ser honesta no passado. Ela tentava ser clara, mas ao mesmo tempo simples e direta. No final ela conclui com estas simples palavras “estou indo embora”. Não foi preciso muito para que ele assimilasse aqueles novos fatos. E concluísse que realmente não havia nada a se fazer. Para ele tudo já estava acertado, era um caminho sem volta ou retorno. O que foi feito já estava feito, e nada se podia fazer quanto a isso. Ele então se levantou assim como ela também o fez. Ele deu um beijo em seu rosto, e como despedida deixou estas palavras “espero que você seja feliz”. Ele caminhou entre as caixas e foi embora, enquanto ela o apenas observava. Não houve beijos, abraços. Apenas o silencio como despedida.
Naquela noite ambos viram aquelas fotos pela ultima vez. Naquela noite ambos dormiram sem problemas. E nenhuma lagrima a mais foi derrubada em relação ao assunto.

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