quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Tudo como deveria ser.

Por: Ricardo Oliveira


Olhei no relógio e já eram quase três da madrugada o silencio imperava no apartamento então imaginei que ela já estivesse dormindo, eu estava errado. Primeiro veio a mim som dela se levantado da cama do quarto ao lado, o único do apartamento, após pude ouvir seus passos, eram leves como se ela não quisesse que eu a escutasse vindo, mas o silencio era tão grande que eu quase podia ouvir os pensamentos dela. E após alguns poucos segundos que mais pareceu uma eternidade os meus olhos finalmente a encontraram.
Ela usava a camisa azul clara que eu havia lhe emprestado para dormir e nada mais. Ela que não era muito alta fez daquela camisa uma espécie de camisola. Apenas os 3 botões centrais estavam atados o que deixava a mostra em cima uma ou outra curva de seus peitos, enquanto embaixo podia se ver sem muita dificuldade sua calcinha.
A noite estava quente como o de costume e a porta aberta da varanda permitia que uma leve e refrescante brisa da noite amenizasse o calor. E ela lá parada encostada a parede com os braços cruzados apenas me encarando com um olhar de quem espera respostas. A verdade é que eu tinha mais perguntas do que respostas para dar a ela. 
O único som que se ouvia naquele pequeno apartamento era o do relógio em cima da televisão, um som seco rápido e sistemático. Talvez apenas para lembrar que o tempo continuava caminhando, e que aquele momento em algum instante futuro seria apenas mais um momento passado.

Finalmente eu resolvi terminar aquela tortura silenciosa, tomei coragem e disse.
                Fico feliz por você ter aceitado passar a noite aqui.
Então ela sorriu como se aquela simples sentença a fizesse feliz de alguma forma. E antes que eu pudesse pronunciar a próxima palavra ela se expressou.
                Quando eu te vi sentado na praia eu saia que eu não iria pra casa hoje. Mesmo este não sento meu plano original aqui estou.
                E qual era o seu plano original?
Perguntei sem muita vontade de saber a resposta.
                O plano na verdade era apenas te encontrar.
                Sabe no que eu estava pensando quando você chamou o meu nome naquela hora?
                Não. O que?
                Em você. E sabe no que eu estou pensando agora?
                Em mim?
                Não, eu estou pensando porque você está ai de pé.
Bati então de leve no sofá e a chamei para sentar ao meu lado, um chamado quase que inaudível mas que ela entendeu muito bem. Ela veio, se encostou em mim, e eu passei meu braço por volta de seu corpo. E por naquele momento eu a tinha onde eu sempre quis próxima a mim. Eu podia sentir a maciez de sua pele, o delicioso aroma de seu perfume, e o calor que vinha de dentro dela.
E por alguns instantes ficamos quietos em meios aquele silencio que impreguinava o apartamento, até que.
                Porque estamos aqui? Ela disse com sua voz calma.
                Eu não sei, acho que estamos aqui porque devemos estar aqui.
                Eu acho que estamos aqui porque queremos estar aqui.
                É também acho isso. Me fala uma coisa?
                O que?
                Como você me encontrou lá na praia?
                Depois que você saiu do churrasco eu perguntei pra todo mundo onde você estava, disseram que você tinha ido comprar cerveja mas que tava com cara de quem não iria voltar.
                Na verdade eu comprei cerveja, mas voltar não fazia parte do trajeto.
                É eu imaginei, e então quando vi que você não ia voltar mesmo eu pedi para que aquele se amigo o telefone de onde você estava ficando.
                E ele deu assim tão fácil?
                Deu claro, afinal você estava na casa dele poxa. Nisso ela deu uma pequena risada e sorriu olhando para mim. Nesse momento ela já estava deitada com a cabeça no meu colo e conversávamos um olhando para o outro sem desviarmos os olhares.
                E depois?
                Depois eu briguei.
                Brigou? Como assim? Com quem?
                Com aquele rapaz que estava comigo. Simplesmente disse que não sabia de nada e que eu precisava ir embora.
                Simples assim?
                Simples assim!
                E então você ligou pra esse amigo meu, e ele te disse que eu ia vim pra cá?
                Sim, mais ou menos por ai.
                Mas isso ainda não explica como você me achou na praia.
                A praia foi fácil. Você se lembra das conversas que nós trocávamos quando você estava lá estudando fora?
                Lembro que nós trocamos muitas conversas. Mas não de todas.
                Então eu me lembro que você tinha dito que a primeira coisa que você faria quando viesse pra cá seria ver o por do sol naquela praia.
                Bom agora ta explicado.
                Se acabou o interrogatório posso perguntar uma coisa?
                Claro que pode, pergunte. Respondi e logo em seguida dei um leve beijo nela.
                De verdade porque você voltou? Tipo por que você foi naquele churrasco?
                Eu voltei de vez, e eu fui aquele churrasco apenas porque eu sabia que você iria estar lá, queria te dar a noticia pessoalmente. Mas quando eu vi aquele rapaz achei que eu estava sendo um idiota de estar lá.
                Calma, como assim voltou de vez?
                Meu curso lá fora acabou e agora começo um novo aqui, exatamente aqui.
                E você foi até lá ontem apenas para me dizer isso?
                Não apenas para te dizer. Mas também para fazer.
                Fazer o que?
                Isso!

E então a beijei, passei meu braço por baixo de teu corpo a levantei  até a altura da minha boca e a beijei um beijo que quero que ela nunca esqueça, o sexo que tivemos antes naquela noite de nada se comparou a aquele beijo. Depois que terminamos repousei sua cabeça novamente em meu colo e ela continuava olhando para mim, ela sorria de tal forma que parecia que ela queria mais, e se este fosse o caso não haveria problema pois,a verdade é que eu também queria dar mais.
                E então como é que vai ser? Perguntou ela com certo tom de medo.
                Por mim você não sairia por aquela porta.
                Você sabe que não é simples assim.
                Sim eu sei, mas eu gosto de pensar que é até mais fácil do que isso. Como você acha que vai ser?
                Tenho medo de saber, tenho medo de nos perdemos de novo. Após dizer isso ela se virou e seus olhos contra minha barriga e com uma voz de choro disse. Eu não quero ter perder de novo.
Logo após ouvir estas palavras que cortaram meu coração, eu delicadamente e com calma, apontei sua cabeça em minha direção novamente e dessa vez foi o meu corpo que desceu até o dela, sequei suas lagrimas e olhando bem em seus olhos eu lhe disse com voz determinada.
                Você não vai me perder. Não vai porque eu não vou te perder novamente. Não vou me dar ao luxo de errar de novo!
                Eu fui boba né? Disse ela novamente com um sorrisinho. Um sorriso que eu faria de tudo para poder ver sempre.
                Não, você não foi boba. Afinal de contas somos todos bobos nesse jogo.

E então nos abraçamos, ficamos uns bons minutos apenas lá com nossos corpos colados. Até que meus olhos correram novamente pelo relógio e já estava quase na hora do amanhecer. Então eu propus.
                Já vai quase amanhecer , que tal irmos dormir?
                Está bem.
                Vai na frente que eu só vou escovar os dentes.
Então ela se levantou e foi. Quando eu me levantei e pude ver a claridade dos raios solares começando a lutar por espaço no céu da manhã. Naquele momento me senti feliz, calmo e feliz. Escovei então os dentes e fui para a cama, tomei cuidado para não acordá-la caso ela estivesse dormindo, mas não foi preciso muito cuidado, já que ela estava bem acordada e aqueles maravilhosos olhos me fitavam com alegria. Me deitei então ao lado dela, virei meu corpo a ficar totalmente de frente para ela apenas apoiado pelo o meu braço, enquanto eu passava meus dedos pelos seus cabelos ela me disse.
                Vamos fazer um trato?
                Que tipo de trato?
                Vamos fingir que o futuro não nos interessa agora, vamos fingir que o passado foi esquecido, vamos fingir por ora que o que realmente importa somos nós dois esta cama e estas quatro paredes que nos cercam.
                Trato fechado!
               

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